terça-feira, 13 de abril de 2021

CANTOS DE SEREIAS


Muitos ou todos diziam, certos,

que eras além do demais para mim

e diante de tua beleza, por certo,

por mais bonito que eu fosse e nem assim

que nunca fui, nem perto, enfim,

também eu sabia que eras demais para mim.

Porém, parece, somente nós sabíamos, decerto

O que um e outro era ou seria, sempre, para si.


No entanto, para nosso desencanto, o canto

dessas urbanas sereias presas nas areias

da ampulheta chamada destino, fez-se ouvido

resultando na dispersão de sonhos intumescidos

desenvolvidos n'outros caminhos e acenos

enquanto se dissolvia nossa trigonometria

não apenas em repetidos senos e co-senos,

para fora e além do infinito de nossa simetria.


E fomos de gole em gole do azedo embriagados,

Sem mais o doce do vivido e jamais esquecido

Que teimosamente permaneceu ali, ao nosso lado

Como dolorido espinho espetando os desatinos.

E foste embora, sem jamais ter ido em mim

Que conservo teu aroma no amor inenarrável,

Em meio ao imensurável da saudade e suas teias

Para muito além dos falsos cantos de sereias.

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