terça-feira, 22 de março de 2022

MEUS "NUNCA MAIS"

Quanto mais velho fico, mais "nunca mais" tenho, / restam poucos amigos de infância, de aulas tais, / colégios, faculdade, trabalho, para além do cenho / e o que sei desse restante é o mesmo "nunca mais" / do durante, do depois e, certamente, do desenho / da própria vida em seus rabiscos desiguais. //// Enquanto esconderijos e curvas derrapantes / teimam em brincar com meu próprio ceticismo, / cinzentas nuvens teimam em brincar de céu / que muito mais agora, muito mais que antes, / desabam-se em gelo e neve no meu realismo, / destruindo os últimos sonhos deixados ao léu. //// E no baile da idade provecta, quase final verso, / canções antigas tentam ressuscitar perdidos / idos que egoísmo e erros deixaram na estrada / mas outros "nunca mais" e bem mais perversos, / açoitam às lembranças do que poderia ter sido / como chicotes de "nunca mais" dizendo-me: És Nada!

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