sábado, 16 de junho de 2012

PASSAGEIRO


Um rio desgarrado de seu leito
Inundou o meu não sei na oração que não rezei
Em meu peito o turbilhão das perdas e ganhos
Impulsionou as águas da insensatez,
Doce veneno que usei através de estranhos
Sons perdidos no talvez que virá do quem sabe...
E se me dei mais do que devia no durante
Ao partejar de arrebóis antes que o dia acabe
Desaguado no nunca mais desse nada adiante
As noites parirão outros sóis, outras vertentes
baixando águas, secando barros e mais
trazendo gente e gente à deriva do meu cais...

Tantas sombras, desenganos nestes rumos que venci
Pouca luz, o que me assombra é ter chegado até aqui
E o sol em meio à tarde, às vezes ao amanhecer,
Mágico, ilusionista, iluminando o sem tempo
A destempo faz-se pálido, sem jamais permanecer
E afugenta só por instantes as sombras deste silêncio,
Deixando-me só com a noite, herança desse sofrer
Sem luar, com a indiferença do nada com desdém...
E a claridade já era, não há nós, há medo e ninguém
Na espera de um novo amanhecer que nunca vem,..
Geme o cobertor do sempre sem distância percorrida
N'um nunca chamado morte, n'um breve chamado vida...

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