segunda-feira, 21 de maio de 2018

DECADÊNCIA


No que seria eu se no tudo dito
comigo convivem verdugo e presa,
o bendito confrontando o maldito,
comum e surpresa no butim, à mesa
incrível e invulgar pressa do acaso.
Enquanto rasga o dia o sutil se espanta
ao roçar no nada de seu próprio ocaso
e, dentro de teus olhos, esbugalhados,
pressente-se o oblíquo dos pecados!
O tudo chora, o tudo canta e encanta,
todos os erros se repetem nas esquinas
escondidas, dentro do tempo passado
nada mais são do que névoas, neblinas
do insuspeitável consciente adulterado.
Por isso carrego fardos do antigo antes
pesando em mim o medo do amargo durante
deste agora, preso em minha desvalia,
vestido de noite sem nunca ter sido dia.

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