segunda-feira, 21 de maio de 2018

SÚPLICA


Senhor Deus, valei-me
em sonhos, risos, quimeras,
lancei linhas de espera
no turvo rio do momento.
São meus os mananciais
das curvas dos pensamentos
que a cada riso ou lamento
explodem nos vícios meus,
no viço que se perdeu
no chão das iniquidades,
nas perdas e ganhos da idade,
põe de joelhos filhos Teus
que manquitolam agonias
na rudeza do concreto
embriagados de elegias
pela posse do secreto
...E se morro no abstrato
repintando noite em dia
desnudo todo contrato
que me faz ver fantasia,
binário surreal de falácias
que bailam dentro de mim,
tanino extraído das hemácias
do princípio, meio e fim.
E, quando posta, reverto
a ponta da espada no peito,
como causa me converto
em simples e mero efeito...
Rios de amores, ódios, nada,
das entranhas da jornada
e rosa do ventos, um norte,
desagua vida em nossa morte!

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