terça-feira, 26 de maio de 2020

DA COR DO MEL


Olhos da cor do mel de camoatim, (*)
Claros de luz dourada, abrasivos
Como tua pele que ficou em mim
Perenemente tatuada em meus braços
Como a saudade, que me faz cativo
Da falta que me faz o teu regaço.

Sei que foi o destino, sem culpados,
Que nos colocou entre o certo e o errado
Brincando em jogos e amanhãs incertos
Para, logo adiante, nos fazer promessa
Do que seria e não foi, tudo às avessas,
Oásis, no que não era e se tornou deserto.

Tudo foi passando ao rimar dos ventos,
Em quase tudo tempestade ao quase sol
Do nunca, luz furtada dos renascimentos
E despedidas de cada um etéreo arrebol.
Assim vivemos joguetes do azar, da sorte,
Vives em mim até que me beije a morte.

(*) Camoatim, s.m. (entomologia)(bras.), Espécie de abelha melífera...
(Dic. Ilustrado da Língua Portuguesa, Ed. Globo, 1953).

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