sábado, 1 de maio de 2021

SURDEZ


Aos poucos foram se apagando de mim os sons da natureza,

ficaram muito distantes, quase sussurros aos meus ouvidos

e os que ouço são zumbidos de mosquitos, sem a sutileza

ou a ternura de promessas que inebriavam meus sentidos.


Apenas sei que estou passeando no imutável tempo,

nas recentes descobertas do presente, perenes e tardias,

muito mais plenas de vivência em meio a contratempos

desta mistura discreta de morrer noite, de nascer dia.


Enquanto passo, neste quase findar desses meus passos,

Sentindo o insondável silêncio externo vir ao meu encalço

Reparto-me em luzes em meu interior de som deserto.

 

Porquanto aprendo na linguagem Braille dos teus espaços

o som, que me fazes sentir saindo dos teus abraços,

deste amor que me faz ouvir as estrelas bem mais perto.

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