segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
POTRO AMARELO
Bem que queria encontrar, montar o Potro Amarelo de quando guri /
Que ao galope de sonhos me levava aos potes de ouro do arco-iris /
Mas me fugiu ao longo dos anos, dedos e medos que, enfim, perdi! /
Lenda, verdade, mito, mentira, alegre ou triste, o feio e o belo, /
Mistura fina, Potro Amarelo, sonho encantado do meu tesouro /
A prata, o ouro, metais, matizes, mesmo ilusões, jamais esqueci. //
Onde te escondes Potro Amarelo, onde te escondes? Pelas entranhas /
Das sesmarias da pampa eterna, coxilhas, vales, grutas ou furnas /
Em estrebarias, nestas fuligens de sonhos antigos, desencarnados /
Mortos de esperas, atropelados pelo trem sem freio da realidade /
No tropel das horas, no tropel das dores que não se quis /
Na pilcha concreta da ansiedade, buçal e rédeas do infeliz... //
Onde te escondes Potro Amarelo, onde te escondes? Dentro de mim? /
Na fantasia dos meus desejos, Potro Amarelo, te vejo força motriz, /
Mola encantada que falta me faz nas galopadas que nunca fiz... /
Procuro os potes do arco íris e colho espinhos e cicatrizes /
Percorro estradas de chão batido, lua sem brilho, infeliz /
No sol emprestado de um cotidiano amordaçado, perto do fim... //
Preso de enganos, longe do início, longe do meio, longe do ido /
Potro Amarelo, onde te escondes, Potro Amarelo? não há futuro /
Neste guri, talvez continues e não te procuro, dentro de mim. /
Pudera agora, na peça vida o último ato, interpretado, resumido /
Naquele alento antes vivido, naquele enfim de lá dos confins /
Onde a brisa, Potro Amarelo, expulsava névoas e medos de escuro! /
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