quarta-feira, 17 de agosto de 2016

AREIA MOVEDIÇA

Após tantos dribles, na sorte, no cansaço,
De repente faltou apoio ao meu pé direito
Ainda assim sustentei-me, aos pedaços,
Sem chão, sem mais espaços, sem mais jeito.
Finalmente sucumbi ao abraço da derrota,
Terror do agora vindo do terror do adiante.
E o tempo me tragou, feito areia movediça
Marcando a minha pele, tatuando minha alma
Do inócuo de me saber nada, me saber tarde,
Queimado de sonhos e alquebradas vísceras!
Nem se move o tanto quanto desse durante,
Nem se agitam na febre de baldadas liças,
Num tudo ou num nada que se faz distante.
O que era não faz conta no que é ou mais,
A amargura vence a esperança que se vive
Na esturricada agonia do sempre e do jamais
Escorregada da crença que em mim sobrevive
Pela sentença desse canto antigo do meu ser:
“Ah, se bem me lembro, jamais poderás ter
O que ao mesmo tempo sempre e só eu tive”.

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