quinta-feira, 26 de julho de 2018

TEMPO ABELHA


Era doida, assim p’rá todos parecia,
Embalando berço-carrinho, sem bebê
Cantarolando cantigas que repetia
Na aparência sem razões ou porquês.

A ouvi cantando assim naquela esquina
Versos em ritmos aleatórios, desconexos
Parecendo forjados em rimas meninas
Plêiade de côncavos sem os convexos:

“Asas que me faltam p’rá voar,
Sonhos que se acabam sem viver
Tudo o quanto mais podia estar,
Tudo o quanto mais podia ser!
P’rá onde foi o riso sem que dê
O mel que tempo abelha guardou
Hoje, mais que perfeito foi você,
Além do que a realidade sonhou”

Ali a escutei, por várias horas,
Tentando interpretar o que dizia
Nos versos explodidos desse agora
Além da noite e muito aquém do dia.

Talvez não fosse assim tão doida, não,
Repetindo em si a realidade que passou
Na qual ficara presa, perdendo a razão
No “... mel que tempo abelha guardou...”.

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