segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

CETICISMO



Vou morrendo à espera de amanhãs que nunca chegam, breve.
Esqueço-me de viver intensamente o hoje que passa célere
e vivo com corpo e alma cavalgando um amanhã inumerável
enquanto a magia teima em se despir no meu irrealizável.
Os milhares de amanhãs passado, pouco ou nada trouxeram
desse supremo beijo, ensejo, sopro do milagre de sorrir,
exceto, pela vida que por si se basta e sou agradecido.
Disso resta a certeza da inexistente incerteza do acaso,
nada o é, tudo cabe no indizível supérfluo do meu caso,
frustrações que coleciono e delas tento fugir sem conseguir.

Passagens, danças, passos marcados são produtos externos
das insondáveis fontes desse quase sempre, quase eterno!
E se nada posso mudar, mais fraco sou por saber-me assim,
um tanto enfado ou indiferente de todos e também de mim.
Se todo o caminho está designado como acusar sem perdoar
o acusado, tão ou mais fraco que também segue fado escrito?
Então, melhor lutar contra a acomodação do tudo prescrito,
ensarilhar armas e desculpas esfarrapadas do oprimido
e, quem sabe, possa dobrar às esquinas do meu infinito
sendo ou vivendo o ser que em mim adormece, entorpecido!

A preguiça de me saber vivo e só por isso viver, apenas,
sem nunca ter tentado construir meu próprio caminho
quem sabe tirou-me a força e o afã de me tornar capaz.
E se tudo isso for a salvação pela verdade extrema?
E se tudo isso for a forma para que alcancemos paz?
E se tudo isso for a luz que falta para nós, falenas?
Tudo terá valido a pena neste esperar, vis passagens,
e os amanhãs estarão prenhes do quanto os consagre
explodindo vida, explodindo amor, relvas, miragens,
realizando-se, enfim, na magia plena dos milagres!

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