sexta-feira, 19 de abril de 2013

COLHEITA


Não desprezes os ginetes (*)
que se esfolam nos lombos
dos baguais (**) mais atrevidos,
dê-se vivas aos destemidos,
aos vacilantes mil tombos
e um milhão aos alcagüetes (***).
A vida é cheia de bretes (****)
fervilhantes de perigos
baguais teimosos, selvagens
que do ter fazem abrigo, meta,
paspados(*****) de um quero tudo
quero-queros (******) de sarjetas
quais insaciáveis chupins (*******)
vampiros do suor alheio
pouco se lhes dá o meio
para alcançar o chinfrim(********)
Nela, vida, outros caminhos
de calmarias e abrigos
o que se plantar se colhe
nem tudo que espicha(*********) encolhe
nem tudo é inimigo ou imerecido
mas o bem de ter nascido
por si mesmo é o bastante
pouco importando o adiante
tendo o agora a ser vivido.


Glossário:

(*) : ... (bras. do sul,)... bom cavaleiro (do árabe, zanata(?);
(**): ... diz-se do cavalo bravio ou recém-domado;
(***): ... alcoviteiro, denunciante...;
(****): ... (fig) logro, cilada...;
(*****): ... (do espanhol) escoriação, arranhadura, marca...
(******): ... ave pernalta da família dos caradriídeos...;
(*******): ... (ave da família dos icterídeos); (fig) marido que vive às custas de mulher rica...
(********): ... (adj.) reles, pífio, ordinário, insignificante...
(*********): ... alongar, estender, esticar...

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