terça-feira, 9 de abril de 2013

VERTIGEM


Um quadro, um quarto, uma quadra
esquadra singrando mares
nos bares desta maré...
Vai moldura, vazio, volta pressa, ares
vencem pó, a fé, faz-se a prece, até
dos aflitos, neste nunca que se é...
A fumaça desce branda, branca, envolvente
vindo do espaço de um abraço gente,
logo vai preencher os braços desse ontem
que me espanca, me espanta, qual fantasma
de estrelas e tênue brilha e conduz
ao escuro do meu nada, do meu carma
dessa tralha que, de ouro, só reluz,
dessas tantas madrugadas e presilhas.
Albatroz nesse algo atroz, nossa rima,
nosso consolo, nosso ciúme, o vagalume
pisca-pisca, desconsola no perfume
desse agora que nem chega vai embora
no drama que não faz sentido ou conserva
o sabor do tanto ido no roçar do tudo tido.
Pelo medo do nunca, sem resenha ou reserva
o tudo-nada deste vertiginoso instante
morreu na pressa do seguir adiante...
Sem badalo, quaresma ou carnaval,
estatelado no monumental vendaval
que o hoje à deriva nos projeta
somos depois no depois que se refresca
e se apressa nestes desfigurados anos
de que nos descuidamos e passamos
do incerto dos prazeres aos desenganos!

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