De uma galopada enfezada
Resultou-lhe a rodada mal parada
Duas pernas e a coluna, fraturadas
E o guri, fez-se ali, resto de estrada.
Vestiu-se em outro alguém, sem mais quem
Nesse entortar de trilhos, à poda
Recolhido à fria cadeira de rodas,
Foi mais ninguém do que alguém.
Um dia um passarinho esvoaçando espinhos
Sem saber-se trouxe consigo um ninho
De liberdade sem palavras e sem vetos
E o guri prostrado à angústia, infeliz,
Quase sem querer, n'um gesto,
Pilchou a alma desse encanto descoberto
Nas leveza e singeleza dessa cena
E por um momento apenas
Voltou a ser livre e feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário