Sou urbano, fui rural
mudei os panos, não as penas,
foram-se as pombas, às centenas,
o galpão, o fogo de chão,
o poço, o balde, açude e sanga
do nado alegre da tenra idade,
no tudo tido, como as pitangas
doces e rubras, memória sangra.
N'um outro prisma minha saudade...
Passam-se as pontes, vãos de rima
caminho aberto em minha neblina
chega à cidade o exílio cinza
do que já fui, do que nem sou,
fecha a porta ao que passou.
Novas rosetas aos pés descalços
surradas botas de realidade
ferida de nada sobre o asfalto.
N'um outro prisma, minha saudade...
Nenhum comentário:
Postar um comentário