terça-feira, 9 de abril de 2013

FLAGRANTE


Carros à rua, gente nas calçadas
Astros varando o concreto
Passando, em disparada
Aos olhos inertes de quem
Não sabe o que vai,
Menos ainda, o que vem.
O até breve do tempo marca
Momentos, se soma, se alterna,
Oscila, cintila, lívido calendário
De meros registros diários
N'um jamais que não vem
N'um quem sabe que se tem.
À busca, na estrada sem fim
Nos olhos distraídos de sim
Formam atalhos, caleidoscópio (*)
Destapando o que vem do ópio. (**)
E ninguém sabe onde e o que fica
E o tempo inumerável nos abraça
E nele e dentro dele a gente passa
Com a (des)graça que se acredita
Sendo começo, meio e fim da fita... (***)

(*) Figurativo: "aquilo que faz ver as coisas por um lado agradável."
(**) Figurativo: "aquilo que causa entorpecimento moral."
(***) Bras.: "filme, película."

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