sexta-feira, 5 de abril de 2013

IMPEDO (*)


Nem só de canha (**) vivem meus tragos
Também me impedo (***) de ilusões
E nas ressacas meus desagravos
Parando aos poucos vai coração.
E ao despertar dos sonhos loucos
Morre-se tudo e mais um pouco
Nos descaminhos dessa estação.
Alpedo (****) ocorrem os contratempos
Pelas paredes do que já se foi
Mistura turva do senhor tempo
Parida de um antes p'rá ser depois.
A realidade, potro indomado,
É Pampa ou campo de carrapichos (*****)
Unhas de gatos (******), urtiga (*******) entalada
Nos desvãos destes bochinchos. (********).
É mais que um trago, tiro e adaga,
Neste vazio que alpedo existe
N'um rio de lavas, corpo com alma
Dúzias de copas (*********), dúzias de tristes.

Glossário

(*): Bêbado (Do espanhol, pronuncia-se impêdo)
(**): Cachaça (Do espanhol e do sul do Brasil)
(***): Fico bêbado (Do espanhol, pronuncia-se impédo)
(****): À toa (Do espanhol e do sul do Brasil, pronuncia-se alpêdo)
(*****): urze, erva daninha, da família das caliceráceas
(******): urze, erva daninha, nome comum a 3 plantas: acácias bonarienses e ripária e mimosa sepiaria
(*******): urze, erva daninha, com o nome científico de urtica urens
(********): bochinche, confusão, rififi, desordem, briga, bagunça
(*********): guarnições redondas e convexas, nas duas extremidades do bocal do freio campeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário