terça-feira, 30 de abril de 2013

OFERTA


Repouse o teu silêncio em meu silêncio
A tua cruz na minha, o teu eu em mim
No curso desta prece e andar imenso.
Deixa-me carregar-te enquanto posso
Neste nosso andar desbotado de carmim
Neste caminho íngreme que se fez nosso.

Perdi a chave dos sonhos que um dia tive
Desaparecida na neblina dos teus olhos
E tudo e mais vivi e tudo e mais retive
Em meio às reprises desses velhos sonhos.
Que reproduzem e se eternizam onde estão
Nos carinhos, graça e ternura de tuas mãos.

E passo assim como a ventania louca
Destruindo passagens de horas, poucas,
Em que fui além do que pensei um dia ir
Contigo em mim, assim plena e esfuziante
Mais do que viva, mais do que luz, amante
De um eterno agora, de um eterno fluir...

Repouse pois o teu silêncio em minha alma
E deixa-me ser teu céu na tarde calma
Que cai entorpecida de pecados idos
Deixe-me tocar-te, pensar-te presente e nua
Habilitando-me em quartos de todas as luas
No supremo embalar dos sonhos vividos.

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