Essas crianças
que vejo nas esquinas
pedintes de propinas,
na miséria total,
São bombas-relógio,
petardos de ódio
da hecatombe social.
De pouco adianta
meu olhar piedade
se o que me espanca
não move uma palha
e esta realidade
de meus braços cruzados
na anti-roda espalha
espaços para os pecados.
Anjos, espelhos
de refletidos insultos
que açoitam os adultos
escancarando seus erros.
Coquetéis de infortúnios
à margem das avenidas
floresceis no não à vida,
sem sonhos e sem rumos...
Narcisos inversos
da esperança, humanidade
o amanhã não traz saudade
nem luz ao teu universo
e este hoje-fome, triste,
do todo a maior trapaça
criança faz tua desgraça
na escuridão que persiste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário