No concreto da cidade
bate asas um passarinho
segue rumo ao verde raro
de uma praça cuja graça
escapou do imaginário.
Na gaiola, um ex-menino,
trinta metros do asfalto,
passa o tempo na desgraça
de não ter sequer uma praça
desgarrada da saudade.
No concreto da cidade
tantas são nossas gaiolas,
tem as que sobem e descem,
outras rolam sobre rodas
em cinzentos labirintos.
E o verde quase extinto
na poluição dos ares
repinta-se nas miragens
que retornam nas lembranças
desgarradas da criança.
Galopadas, movimentos,
nunca mais, pampa deserta,
o último dos passarinhos
neste cinza que não passa
se perdeu de sua praça...
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