segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ventos gaúchos


O vento que paspa as pernas
é o mesmo que paspa os braços,
o rosto, as partes internas,
o resto e mais um pedaço.
Às vezes se chama Pampeiro
se da Patagônia vem
gelando nos aguaceiros
os ossos e a alma também.
Outras vezes é Minuano,
se dos Andes ele sopra,
português ou castelhano
é a milonga que ele toca.

Ai que preguiça, guria,
uma preguiça de morte,
quero uma sesta vadia
eis que sopra o vento Norte
que, se tem companheiro,
não é o Minuano, nem seria
o úmido vento Pampeiro
com sua neblina tão fria;
'tá na cara, é o Nordestão
que agita o Litoral
levantando todo o chão
que revoa em areal...

São ventos bem conhecidos
deste Rio Grande amado
abraçando embevecidos
as belezas deste Estado
sem paspar todas as pernas
muito menos todos os braços,
os rostos, as partes internas,
o resto e mais um pedaço.
Ventos que se dão ao luxo
de se cobrirem de acento,
de gauchos viram gaúchos
sem lenço e sem documento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário