domingo, 30 de dezembro de 2012

Joãos

Ando cansado de perder,
não ser, cair e levantar
para cair de novo
como aquele João-Bobo,
o brinquedo, o João-Teimoso.
Sei, não é só meu o privilégio
mas a teimosia arrefece
nem tudo é o que parece
e o mar deixa na praia
espumas a espantar tédio.

O desânimo toma conta
cada vez mais do espaço,
das nuvens densas, tontas
onde meu dia desmaia
nas franjas desse embaraço.
O que fazer, penso, agora,
quando a luz se vai embora
deixando-me só em mim mesmo?
Faz-se mais que necessária
a coragem de ser praia,
mar e festejada dança
de um futuro que se alcança
e se constrói desde o ontem
porque, sei, não há horizontes
quando se perde a esperança.

Mas, o cansaço que me pesa,
traiçoeiro cancer que lesa
as profundezas do ser,
é o verdadeiro João-Teimoso
que, sei, preciso vencer
ou pelo menos, enganar,
mudando o curso da história
porque no pêndulo do tempo
embalam-se os meus momentos,
latifúndios de derrotas
por grânulos de vitórias...

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