Então,
era assim, invariavelmente... José Nilto Guirland, o amigo-irmão do
Moleque, jogava muita bola, era o “Pelé” de qualquer um dos
tantos times em que era convidado para jogar, indo o moleque de
carona ou contra-peso... Quando vinham convidar Guirland para jogar
no time, os interessados ouviam a mesma pergunta de sempre:
“Convidaram o moleque para jogar?... se ele for, eu vou...”.
Adivinharam?, é claro que convidavam o moleque...
Assim
o moleque era convidado, sempre... exceto na vez que, para confirmar
a regra, veio o Taióba, dirigente do Cruzeirinho FC, direto no
moleque e o convidou para jogar no seu time, ao que o moleque
realizou a clássica pergunta:
“Já
convidaram o Guirland?”, tendo como resposta um surpreendente
“Não,
sequer pensei nisso...” -.
“Bom,
se importa se eu convidá-lo? é que...”
- “Que
é isso, seria muito bom se ele aceitasse, faz isso, moleque...”.
- ...
- A
açodada interrupção da frase denunciava a artimanha do dirigente,
o que, então, passou despercebido pelo moleque deixando-o cheio de
razão e contente, afinal fora a primeira (e única) vez que alguém
o convidara antes de tê-lo feito ao Guirland...
Interessante,
o Moleque era o único que enfrentava o grande astro, amigo-irmão, e
durante todo o jogo de que participavam, ambos discutiam a cada
lance, brigavam entre si resultando em diferenciação absoluta por
sobre a pasmaceira dos demais “atletas” que se esforçavam
esbanjando vitalidade e calma diante das corriqueiras admoestações
do astro irritadiço que sabia tudo de futebol reinando por sobre os
demais que não detinham, nem de perto, sua irrepreensível e elevada
técnica. Por qualquer “me dá cá aquela palha” a discussão
iniciava e corria solta, “sem papas na língua”:
“Puxa,
te dei uma bola redonda, me devolveste uma melancia... qual é,
pô!”...
“ Essa
tua bola não foi tão redonda assim, faltou gomos e sutileza; a
dividida foi mais p'ro zagueiro do que p'rá mim e vens dizer que
joga bola... ora bolas, tu pensa que joga, só pensa mas não joga
tudo isso... melhor é 'enfiar a viola no saco' e jogar a tua
'bolinha' bem quietinho...”
“Tu
é que parece que não aprende... falta te esforçar mais... vai lá,
vê se desta vez faz alguma coisa que preste e marca os caras,
pô!...”
E
assim sucessivamente, durante todo o desenrolar do jogo, tal
cantilena entre ambos liberava os demais para que pudessem jogar o
futebolzinho deles bem tranquilo ou quase isso. Findo o jogo, os dois
amigos saiam de campo conversando animadamente 'esquecidos' das
interminááááveis discussões durante todo o tempo protagonizadas
e do aparente antagonismo rançoso que, também aparentemente, às
contaminava... Embora, de tantas vezes repetidas, achassem que tudo
não passava de 'charme' dos dois, na verdade nada era programado
acontecendo independente e ao sabor do momento esportivo vivido.
Olhando
de longe, entende-se agora que nem o moleque, nem o astro, sabiam que
ao expressarem direta e tão claramente, entre si, divergências de
opiniões e posições extraídas das personalidades individuais que
possuíam, envolvidos pelo sentimento comum da amizade pura e fraterna
que os irmanava, mesmo no choque infanto-juvenil intuitivo das
discussões havidas, declaravam o grande respeito como a base que os
mantinha incólumes e afastados dos nefastos efeitos de atitudes
desprezíveis como a inveja ou a deslealdade. Também, e logo
adiante, afirmavam o valor perene e maior da amizade sobrepujando a
todo e qualquer outro por mais rutilante que fosse; aliás, a renhida
discussão havida não continha qualquer poder de fogo ou
beligerância, nem nela se buscava a vitória inconsequente e fugaz,
sim luz e solução do problema considerado, mais ou menos dentro de
conceito ou pensamento já publicado, verbis: “A luz que
cega meus olhos deveria ser a luz que ilumina minha estrada, à
frente”, competindo ao 'detentor' da fonte de luz, direcioná-la
da forma mais salutar e amorosa cabível, isto é, à “...estrada,
à frente...”. Pois bem, creio que ambos amigos detinham a fonte e
dirigiam, quem sabe tortuosamente, o facho de luz à frente das
estradas, como se cruzassem os “sabres de luz” apontando-os um à
estrada do outro e vice-versa.
Entretanto,
paremos dessa vã filosofia seguindo adiante com o moleque e seu
amigo irmão que, apesar de tudo, eram antagonistas em quase tudo; em
Uruguaiana, Guirland torce para o EC Uruguaiana, o moleque para o EC
Ferro Carril; já em Porto Alegre a querida e linda capital gaúcha,
àquele torce pelo imortal Grêmio FB Porto Alegrense, o moleque,
pelo glorioso campeão de tudo, o SC Internacional. Tendo em vista a
facilidade de acesso às emissoras AM do centro do País, Guirland
torce para o peixe, Santos FC, o moleque para a academia, o
Palmeiras, no Rio de Janeiro, o primeiro para o Flamengo, o moleque,
para o Botafogo... Não “fechavam” uma que fosse, esportivamente
antagônicos em todas as praças. Praticavam, também, Jogos de Botão
e cada um deles com times fortes que sobrepujavam os demais, todavia,
entre si, marcadamente por uma igualdade assustadora, entre o Santos
e o Palmeiras, grandes clássicos, muita “flauta” de um e de
outro...
Nesses
inumeráveis enfrentamentos, do lado do Santos de então, tinham
botões com os nomes de Dalmo, Mauro, Calvet, Geraldino, Zito,
Formiga, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pagão, Pelé, Pepe, etc, e os
goleiros Laércio, Gilmar (que não eram botões), logo adiante, Edu
e tantos outros; do lado do Palmeiras, dos goleiros Oberdan, Valdir,
Anibal, etc., os botões com os nomes de Djalma Santos, os Valdemar
Fiúme e Carabina, Geraldo, Berto, Zequinha, Ademir da Guia,
Chinezinho, Julinho Botelho, Mazzola, Humberto Tozzi, Jair da Rosa
Pinto, Vavá, Rodrigues, logo adiante, Adhemar Pantera, Cesar, Djalma
Dias, Luiz Pereira, Leivinha e tantos outros...
Porém,
se no jogo de futebol propriamente dito Guirland dava goleada no
moleque, pelo indesmentível e imensurável talento, nos botões a
história era bem diferente...
Aquela
gurizada, com muita “fome de bola”, então se reunia na esquina
do Seminário, pelo lado da Rua General Câmara, onde se localizava o
'bolicho' (armazém, venda de secos e molhados) do “Seu” Araci
Castelhano, que era identificado pelo nome de “Olinda”.
Abra-se
um parêntesis para uma inconfidência, o Guirland estava altamente
enamorado por uma das filhas do “Seu” Araci, a bela Nair, que
também dava sinais através de olhadelas seguidas de corridas e
esconde-esconde próprios do namorico e indicativo de correspondência
à afeição exalada dos olhos aflitos e cegos de luz, de Guirland. O
problema era driblar a vigilância do “velho”; o moleque, então,
se encarregou de “distrair” “Seu” Araci, e acomodando-se por
sobre sacos de 50 ou 60 quilos de arroz, açúcar, feijão etc,
empilhados à frente do balcão de concreto onde o “bolicheiro”
escorava os cotovelos, o corpo e a paciência para ouvi-lo, iniciava
uma conversa fiada improvisada que mantinha o irascível pai ali, sem
se voltar para o interior ou pátio de sua casa, menos ainda, para os
fundos que fazia fronteira aos trilhos da linha férrea, separados
por cerca de arame farpado e vegetação tipo árvores de Cinamomos,
chamadas de Paraíso, Maricás e outras plantas e até urzes tipo
guanxuma, onde, à esquiva, Guirland e Nair, sorriam ao bailado xucro
das piscadelas, das olhadelas furtivas e envergonhadas, ruborizadas à
inocência estampada. E, saibam que anos depois, casaram, tiveram
três filhos - um guri e duas gurias – tendo, então e só então,
o “Véio” Araci descoberto que fora enrolado por dois piás muito
amigos e muito sapecas, um querendo sua filha, o outro, arremedo de
cupido sem cerimônia, mantendo-o preso, escorado ao balcão,
enquanto... (diga-se que, se Guirland e Nair não tivessem casado,
não sei qual seria a reação de “Véio” Araci Castelhano, aquele
bonachão, meia-boca, total/parcialmente bravo e/ou zangado...).
Feche-se
o parêntesis e voltemos a vaca fria, um dia (que quase ninguém sabe
precisar qual) aquela gurizada reunida ali, naquela esquina, que
volta e meia se dispersava, distribuía por entre vários times,
baseada na formação do antigo time em que todos jogaram e que fora
desmanchado, o “Antena”, depois “Uberlândia”, cuja “cancha”
localizava-se na área da antena da Rádio Charrua entenderam que era
hora de criarem um time só deles e que os representasse pelo menos
quanto ao bairro em que viviam; todos sabiam da existência do
Baixadinha, do América, do Sete de Setembro, dos Internacional,
Independente, Charrua, Esperança, Ipiranga, Farroupilha, etc.,
todos tendo em comum a representatividade de seu respectivo bairro.
Decididos
a tanto, agora faltava dar nome ao time e, alguém gritou, porque não
acrescentar FC ao Olinda da Placa do “bolicho” do “véio”
Araci Castelhano. Por unanimidade, foi ali criado o Olinda Futebol
Clube, que viria fazer história naqueles tempos pela longa
invencibilidade que ostentou (nada menos do que 71 – setenta e uma
– vitórias consecutivas).
Um
ou dois anos depois, os três clubes de futebol profissional da
cidade, (EC Uruguaiana, EC Ferro Carril e Sá Viana FC) resolveram
seguir o bom exemplo das escolas que promoviam os Jogos Primaveris -
disputa de diversas modalidades esportivas por estudantes dos
primeiro e segundo graus - realizando campeonato das equipes com
jogadores de até 15 anos de idade, com cada clube se preparando para
disputá-lo nestas condições.
O
Ferro Carril cujo estádio, dos 'Eucaliptos', era não mais do cem
metros distante do 'bolicho' Olinda e, por seus dirigentes, foi até
lá e, constatando que todos seus jogadores tinham idades menores do
dezesseis anos, na prática, 'contratou' todo o time do Olinda FC
transformando-o em sua equipe para disputa do supra citado
campeonato. Lembrando-se do amigo torcedor do EC Uruguaiana, o
moleque disse-lhe que se ele quisesse iriam àquele clube, até
porque o presidente do mesmo era seu tio; Guirland se recusou a
fazê-lo e, ambos, ficaram junto aos demais e agora envergariam a
camiseta vermelha e branca do Ferro, listrada tipo Bangu ou Náutico.
O
treinador do Ferro era uma pessoa amiga do pai do moleque, compadre
dele. Nos preparativos e treinos, surgira um bom jogador que não era
da turma do Olinda, um guri que trabalhava nas Casas Pernambucanas e
que, de fato, jogava muito mais que o moleque, se adonando da posição
deste, que fazia pare do meio-campo, tipo Zagalo da copa, meio
formiguinha mas pecava por falhas de marcação enfim, não sabia
marcar, era uma avenida sem porteira, todavia era amigo do Guirland e
dominava e batia muito bem na bola a ponto de ser o cobrador oficial de
faltas, inclusive de penaltis...
No
primeiro jogo preparatório, contra o SáViana, o moleque ficou no
banco de reservas; pelos trinta minutos do primeiro tempo, o Ferro
perdia o jogo por 2x0 e o Guirland que não gostara de ver seu amigo
na reserva, desde os 15 minutos vinha na beira do campo e quase
berrando dizia ao treinador “Bota o moleque, pô!”...não surtiu
efeito seu pleito continuando impassível o treinador; no intervalo,
Guirland, continuou a peroração irritada, e nada... no campo e como
sempre, ele discutia com todos os demais jogadores do seu time, seus
súditos, faltava-lhe algo, não jogava bem, nada dava certo...
Quando o jogo se encaminhava para o final, por volta dos trinta
minutos do segundo tempo e o time levando 3x0, o treinador se voltou
para o moleque e disse-lhe “Te prepara que tu vai entrar!” -
“Ahnn, eu, agora?” - “Sim, tu e agora!” - “Mas vai p´rá
p.q.p., tá achando o que... eu não vou te salvar, nem entrar nessa
fria que tu meteste o time, te arranja sózinho e sem mim, boca
aberta, burro!”.
Ato
contínuo, despiu-se da sagrada camiseta alvirubra, jogando-a na cara
do treinador. Guirland, do meio do campo assistiu a cena final e, em
desabalada carreira, veio ao banco de reservas repetindo o gesto do
amigo... Foi um alvoroço, e a punição para ambos, branda até, foi
suspendê-los com sinalização de expulsão sumária.
Durante
a semana, o treinador do SáViana, Mitério (cujo sonho era um dia
pisar a grama verde do Maracanã, como repetia à exaustão), jovem
ainda e que tivera uma promissora carreira profissional interrompida
por uma séria lesão nos joelhos (na época, era sempre problemas de
meniscos), ofertou à dupla de amigos a oportunidade de jogarem no
seu time... E lá se foram ambos para o 'Estádio dos Álamos',
porque o importante mesmo era jogar bola e deu p'ro resto...
Treinamentos diários em poucos dias ambos já estavam no time...
Nem
bem quinze dias depois, participaram de um jogo internacional, em
Curuçucoatiá, cidade argentina próxima a Passo de Los Libres
(esta, fica à frente de Uruguaiana). O
jogo transcorria normal até certo ponto pois que os argentinos para
intimidar baixavam o 'sarrafo' a ponto de se dizer que “do peito
p'rá baixo tudo era canela”. A coisa entretanto fluía,
exceto pelo ponta de lança do time Paulinho Buteca que,
individualmente muito bom, prendia a bola em demasia e não a soltava
p'rá ninguém querendo levá-la p'rá casa, perfeito “fome”,
egoísta.
Recém
chegados ao time, Guirland e o moleque reclamavam do comportamento
daquele, sem resultado algum e isso os foi irritando a ponto do
moleque sussurrar para o amigo “vamos isolá-lo, não vamos lhe
passar mais a bola, pode até estar livre que não vamos passá-la”;
assim fez o moleque, n'um lance, sem futuro, 'prendeu' a bola mesmo
tendo o Paulinho correndo ao lado desmarcado e aos berros repetindo
até cansar “Dá p'rá mim! Dá p'rá mim!”... o moleque nem
ligou, carregou a bola até a linha lateral e perto da linha de fundo
onde, cercado e sarjado por três argentinos, a perdeu, bem próximo
ao treinador que reclamou em altos brados do moleque, “Larga a
bola, poxa, futebol é jogo coletivo, larga senão vou te tirar!...”.
Levantando-se cheio de dores pelas pancadas recebidas já que
carregara a bola e para tirá-la de seu domínio a argentinada tinha
descido a pauleira, mais indignado agora pelos berros do treinador,
sem papas na língua, não o deixou completar sua frase
retrucando-lhe, também aos berros “Vai à merda seu f.d.p.,
idiota! tu não reclama do Paulinho Buteca que prende a bola todo
tempo e tu mudo como uma estátua, agora quer dar uma de durão p'rá
cima de mim...”; em resposta, cheio de raiva e rancor pelas ofensas
recebidas, gritou-lhe o treinador “Tu vai sair agora de campo...”,
ao que o moleque respondeu, “Não só do campo, como do teu time,
imbecil!”.
Ato
contínuo, outra vez, tirou a sagrada camiseta, agora a tricolor
(Verde, Vermelha e Branca, modelo tipo Fluminense) do SáViana e
atirou-a na cara de Mitério. Como também ocorrera antes, Guirland
viu a cena do amigo e, de novo, repetiu-a em nome de uma lealdade
jamais desmentida entre ambos... Imaginem a situação, na volta,
derrota por 3x2, com ambos 'encaramujados' no fundo do ônibus... e,
de novo, sem time p'rá jogar... que tristeza, que tristeza...
Nem
passara muito tempo disso e, apareceu outro convite, especificamente
para Guirland é claro e, como sempre estendido ao moleque. Agora era
o glorioso vovô, o EC Uruguaiana, presidido por um tio de Guirland.
E lá se foram ambos jogar na 'Baixada' ou 'Estádio Filisberto
Fagundes Filho'.
No
primeiro jogo do campeonato enfrentaram-se no estádio 'dos
Eucaliptos' Ferro Carril x Uruguaiana, estando presentes aboletados
no Pavilhão social do Ferro Carril padrinho Nemésio e o pai do
moleque. À entrada dos times era feita pelos lados do pavilhão,
cada time contornava-o, encontrando-se com o outro à frente do
mesmo. Envergando o manto jalde-negro (camiseta amarela e preta,
idêntica do Peñarol) o moleque ouviu um berro identificando seu
padrinho “Sai daí moleque, esse não é teu lugar!...”... tudo
bem, disse para seu preocupado amigo, tudo bem, nem te incomoda com
isso, meu Dindo e meu pai nada sabem a respeito... (E se soubessem,
especialmente seu pai, não só entenderiam, como certamente o
apoiariam)... Começa o jogo, ambos sabem da 'pedreira' que vai ser,
ali estão seus amigos do invicto Olinda, com Salvador e Deca Parrudo
(que, depois jogou no Grêmio FBPA) grandes goleiros, o Deca zagueiro
central, Fagundes quarto zagueiro, Gago e Valdir laterais, Luiz
Chaves volante, Dorvalino e Pastel nas pontas, direita e esquerda,
Júlio e Cesica (irmãos de Oswaldinho que jogou no SC
Internacional), pontas de lança, Pedrinho Sabugo e Wilson Guedes
centroavantes, dentre tantas outras feras... Ao lado de Guirland e do
moleque, desfilavam os não menos 'famosos' jogadores Sérgio Boca
(Xucro), os João Carlos Imbido e Melena, Lalo,
Jair Gonçalves, Paulinho, Pedrinho, Otto Pires e Jaime, dentre
tantos outros...
Por
volta dos 38 min do 1º tempo, Juarez Barbat, ponta direita e primo de
Guirland sofre falta à entrada da área; encarregado de bater, por
uma de suas únicas habilidades futebolísticas, o moleque acerta o
ângulo esquerdo de Deca Parrudo que mesmo utilizando asas de
pássaros não chega a tempo... bola no fundo das redes! Gol do
moleque que parte correndo, parando à frente do banco de reservas do
EC Ferro Carril e quase arranca o escudo da camiseta jalde-negra,
ostensivamente mostrando-o ao treinador adversário que o relegara à
reserva, etc., etc..., n'uma pequena vingança é verdade... O
problema é que o banco de reservas ficava bem à frente do Pavilhão
Social onde estavam aboletados e, agora, muito amuados, o Dindo e o
pai do moleque... Jogo que segue, vitória do EC Uruguaiana, 1x0... e
o moleque definitivamente passando desde então a torcer por ele
(vira casaca)...
Uma
semana depois disso, como já estava decidido pelos pais do moleque
este saiu de Uruguaiana para morar, trabalhar e estudar em Porto
Alegre, a bela e hospitaleira capital do Rio Grande do Sul que o
abriga até hoje...
Quanto
a Guirland, continuou morando em Uruguaiana, com sua paixão - a bela
Nair e a prole que geraram, sob às bençãos do “véio” Araci
Castelhano “Olinda” - junto aos muitos amigos que conquistou por
seu caráter e cordialidade, tendo feito bela carreira militar no
glorioso 8º Regimento de Cavalaria, atualmente gozando as delícias
da 'reforma', cultuando, como o moleque, ainda que separados por mais
de 647 Km, a mesma amizade, afeição, lealdade e respeito que os
irmanaram desde sempre...
Diga-se
ainda que, logo depois de finalizar aquele campeonato inacabado para
o moleque, como campeão Guirland voltou ao EC Ferro Carril, na
verdade e ao fim e ao cabo, ao grande, glorioso e invicto Olinda
FC...