sexta-feira, 3 de maio de 2019

QUEM SABE


Às vezes, nem sempre,
após retorno virtual ao passado,
passo direto, sem presente,
ao futuro que penso recheado
de amanhãs melhores dos que foram ontem
e bem além do que ainda é hoje;
neles sobrevivem, inocentes,
trapalhadas, os sonhos não realizados
como se possível fosse, perenemente
envoltos no desdobrar de acasos.
Acordo, porém, do impossível tido
dentro deste hoje envelhecido,só,
estando vendado, na escura mó
amolando cruciantes dores e saudades
esturricado do quase nada deste tudo ido.

E o amanhã será, ou não, nele se acabe
o curso do hoje que passar se atreve,
mais ainda, também o ontem, seus entraves,
rios, mares navegados, o curso breve
da vida e morte de nem se saber quem sabe!