segunda-feira, 1 de outubro de 2018

DE MIM


Não queiras tirar de mim, mais do que tenho
Nem que eu faça mais do que posso
Creio conhecer os meus limites, sempre os exercito
No nível máximo do que nem sempre é nosso;
Na corda bamba do quero, último alento do espelho
Dou o que tenho, dou o que sou, dou-me e só
Todos sabem disso ou fingem saber e eu acredito ...
Certo ou errado, o tempo passa todo o tempo
E, na verdade sou eu quem passa o tempo todo,
Um dia desses não voltarei, estarei mudo, ausente,
Meu futuro não se fará presente, do meu passado
O tudo em ti e em mim será mais nada; fim de jornada,
Giz apagado na lousa fria de um final de madrugada.

DESACERTO



Abriu as portas do céu e se deixou envolver pela ternura
Daquele ser recém chegado; terna provou do mel toda a doçura
E se fez branda, se fez humana de verdade, um sim à realidade!
Amou e como amou e foi amada, viveu o melhor sonho, encantada!
Agora revive paisagens dessa história em imagens desfocadas
Da memória; o cotidiano no passar dos anos tudo estragou
E o amor, ah o amor que foi mais do que tudo, terminou
Ao fogo antigo faltou cuidados e assim relegado, pouco restou
Sua última brasa, morna de nada, a lenha verde no choro apagou...
E foi abrindo outras portas de falsos céus, sem perceber
Que a escuridão própria de si, vertia em si o intransponível não
À vida e bem assim se fez partida, se fez vestida de escuridão!