Nem bem começara a tarde, nem a tradicional sesta,
o temporal anunciado em nuvens escuras no céu plúmbeo
desabou por sobre infelizes vítimas, prenhe de aleivosias;
daí em diante nada se sabe do que ou quando, tudo é festa,
do que ou quando se estancará toda água desse plenilúnio
forjado em grossas gotas ou flechas grávidas de ventanias.
Arrisque-se a sair de casa expondo-se como um fio terra
pensando não ser imã suficiente para atrair poderosos raios
que, quase certo terá à frente, um caindo em sua cabeça
e o seu nada atestará que raios não poupam quem se ferra
pensando ser maior por ter coragem de enfrentar desafios
pouco importando a importância do resultado que ofereça.
A vida é simples como um início de tarde, uma simples sesta,
a aproveite e sugue o sumo próprio de quem sabe vivê-la
mesmo sem ter, mais do que tudo seja, amando, sendo amado
e o seu ser atestará que em si se basta, sendo orgia e festa
em inesgotável plenilúnio de luzes e sonhos, sem represas
para o qual todos, sem ressalvas enfim, foram predestinados.