sexta-feira, 24 de agosto de 2018

RENASCIMENTO


Veja bem o que me aconteceu
Sem porém, sem recado, ninguém
Alertou, avisou, eu me perdi,
Tropecei e, cambaleante, caí.
Armadilhas nas curvas do espelho
Olhos negros, vestindo vermelhos
De um pranto que teimei enxugar,
De cujo encanto deixei-me cegar,
Mera falena embevecida pela luz.
O choro destravou o engodo
E a verdade impôs minha cruz.
Agora, aos frangalhos de mim
Vagando por entre os botequins
Embrulho os fracassos do dia
No brilho falso da impiedosa ironia
Dos meus silogismo, em vis falácias,
Daquela dialética, a farsa da farsa,
Em legados de indiferença e de dor.
Porém, tudo isso passará, sem vida,
Página virada, história esquecida,
Ao nascimento de um novo amor!

CERRAÇÃO BAIXA


Pouco a pouco, sim e não,
O sol foi abrindo brechas
Nas entrelinhas da cerração,
Destemido, quase um louco.
E o dia que amanhecera triste
Iluminou-se em frestas
De um furtivo sol que existe.
E a manhã partejou a tarde
Sem mordaça, nem alarde
Fazendo-se luz, calor e graça.
Que não se acabe
Na trapaça deste vil durante
... E seja! Sem o quem sabe
Do que vem adiante!

Como registro extra poema: "Que todos possam vencer o frio da existência, aquecendo aqueles que amam.(Itagiba José).

A PARTE MAIS RICA


... E caminhara sob a neblina,
Vencera ruas, dobrara esquinas
Com as mãos nuas e sem mistérios
Fizera a fonte, formara o império!
Agora se dera conta que o cedo
Cedera ao tarde, sentiu o medo
Ao ir tão longe no bater de asas
Perdera o perto, perdera a casa...

... E caminhara incertas luas, fontes
Traçando ruas em horizontes
E becos fechados aos arco-íris
... Sonhos furtados, sem diretrizes
Derivados da lava ardente
Do egoísmo de tanta gente...
... E nos mistérios, sibilinos,
Nasceram prantos, morreram risos...

Assim é a vida, disseram todos,
Em repetecos, ciclos e choros
E o amanhã nem sempre existe
Dizem, virá, porque persiste
Como um fantasma o encantamento
Desse viés chamado momento
No intenso ir e vir de frases soltas
Feito um oceano de ondas revoltas.

Por isso segui, está é a ordem
Busca no fundo de tuas desordens
O dia e noite e mais da trajetória
No ponto cardeal de tua história
Acionando a chave de tua alavanca
Eis que a verdade só se destranca
Pela dor que nos ensina e purifica
Sendo de mim e de ti, a parte mais rica!