terça-feira, 14 de julho de 2020
LUZES E SOMBRAS
Na alvura da sombra sob a prata,
A lua se derrama por sobre a noite.
O encanto tingindo, dando cor à mata,
Espasmos cinzas morrem sob açoites.
De repente o silêncio tisnado de bronze
Irrompe em cores na fachada da elegia,
A luz se faz resplandecente e ao longe
A prata se despede, no clarear do dia.
Agora é, agora enxergo mais do que vejo,
Bem além de mares, rios e cordilheiras,
Meus olhos faróis de tudo, de mim mesmo,
Refletem imagens de minha vida inteira.
Não muito adiante, repetir-se-á, de novo
Uma outra sombra e, quem sabe, agora só
Vestida de escuridão, da serpente o ovo,
No emaranhado das amarras dos meus nós.
Tampouco sei se dessa vez virá o socorro
Que a luz do dia sem cegar me deixa ver
Mais do que vivo, muito mais que morro,
Nos mistérios e sombras do meu anoitecer.
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