domingo, 19 de maio de 2013

GOL


No peito do pé do atacante
a bola esfuziante
explode indefesa,
em curvas inconstantes
morre acesa
no sonho do gol.
Que instante, que glória
fugaz e completa
vive o atacante...
Nada além da proeza
daquela conquista,
na corrida, nos olhos,
nos braços, no corpo,
a vitória se agita.

Enquanto isso, o goleiro,
coitado, na poeira
soluça a desdita,
nos olhos a imagem
do bólido que dorme
no fundo das redes
arrastando-se o recolhe
com raiva e tortura.
N'outras ocasiões o teve
pleno de ternura
embalado aos ritos
das grandes defesas,
agora os caprichos
dos deuses do estádio...

A dor e a alegria
distantes na rota
têm a mesma origem;
enquanto um festeja
em plena euforia
o outro solfeja
na derrota a agonia
e a bola chutada,
prensada, esfolada,
ansiada, querida,
como, enfim, é a vida,
refaz trajetórias,
derrotas e glórias,
eternidades fugidias...

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