domingo, 19 de maio de 2013

SOM QUERÊNCIA


Em livre arpejo muito frio e pouco quente
corre indomável, vento minuano
vindo do ventre do continente
inumerável, ano após ano.
Penteia a Pampa, agita às águas,
resfria mágoas, beija coxilhas
floreando sempre sua melodia.
Música tema que o homem ouviu
e pode imitá-la no assovio,
depois em guitarras e bandoneons
e transformá-la, sem mais delongas,
no som querência, rainha milonga.
Hoje, aramados separam homens
o que era livre foi enjaulado
e repartido aos privilegiados
enquanto muito repartem a fome.
Ainda assim, lá dos confins
do continente, ano após ano,
sopra o minuano, inconquistável
por sobre a Pampa, inumerável,
frutos maduros de companhia
que arranhados pelo aramado
mantém a linha, o som, bailado
do som-querência, milonga-rainha.

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