terça-feira, 3 de março de 2015

CEGUEIRA


Não deixa de ser uma questão relevante diante da retórica repressiva
este andar/rodar/girar maluco, desses calcanhares
que pisoteiam e machucam o passar incólume.
E nem adianta o repisar, como o acende/apaga dos vaga-lumes,
desse seguir o verde e o espiral das horas que chegam com pressa
e depressa se vão embora, contaminadas à loucura de um ficar efêmero.
Os homens enfermos do que odeiam não se dão conta e mais se afligem
que o imenso peso do quanto fazem é o infinitesimal do quanto dizem,
sendo o maior de seus defeitos, a tentativa de combater os efeitos
e não as causas que, vãs e perenemente, tantos os oprimem.
Mais que isso, cegos se entrechocam (moscas tontas dançando o repetido,
enfadonho, sinistro, triste, solitário e algoz exercício do egoísmo)
sem se darem conta que importante é viver muito além do se sentir vivo,
não apenas para si, muito mais para os outros na alegria do pão dividido...
Enquanto isso, a Natureza vilipendiada e agredida grita, indica e explode
partejando vidas e, além disso, ensinando que viver o nós ainda se pode...

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