Guardei na
bainha a adaga... àquela, ainda suja do sangue da vaca amarela:
Quem
mandou fazer aquilo, um dilúvio na panela, mil quilos da amarela?
Perdi mais
de mil rodas, sem perder rodas cutia,se p’rá alguns saiu de moda
Quero, só
para as gurias, cantar verso pé-quebrado, de maçãs e melancias...
Quem
mandou rodar o tempo esquecido da titia, perder noites, perder dias,
perder
sopros, alquimias? Foi Jó que teve escravos, rosa, cravo, cachimbó!
A ciranda
que foi “inha”, cirandou e fez passar, volta e meia, meia volta,
quem mais
deu?.. quem mais vai dar?... os guerreiros da vovó?
Quem
mandou perder os dedos pelo vidro do anel?
Quem
mandou perder-se em medos e ser o bobo do quartel?...
Sou pobre,
pobre, pobre, lá da ponte do Ibicui, passam ricos, os nobres, todos
passam por ali... Tu também passa em mim pela ponte do Ibicui,,,
De marré,
marré, deci *, pedir filha em casamento é negado ainda assim...
Quem
mandou negar a fé se a riqueza está no sim? Oferecer ouro e prata
Até
sangue de barata, sem conseguir ir até o fim
destes
passa-passarás em que se quer passar, ficando com o que não vinha
de um
futuro que estava além de lá, em amanhãs que a gente tinha...
- Quem
mandou trancar porteiras às escoriações vividas?
Quem
mandou fechar fronteiras sem curar todas as feridas?...
Por isso
dona vida entrei dentro dessa roda rodando espirais de nada,
sem dizer
frases bonitas, sem saber quando e quanto era a entrada...
Quem
mandou viver saudades da infância que era tão minha?
O tempo
não tem idade ou instância que eu nem sonhava que tinha...
E as
brincadeiras antigas, de roda, prazer, cantigas, repassadas em
folhetim
enquanto
um inocente sorriso volta inteirinho p’rá mim...
*(Marais,
bairro pobre de Paris, França; o de marré, marré, deci, da
brincadeira é corruptela da expressão “marais je sui”, cuja
tradução literal para o português é “de Marais eu sou”).
Nenhum comentário:
Postar um comentário