sábado, 14 de março de 2015

SOMBRAS



Espeto nas sombras do avarandado de uma casa esquecida
um filme em preto em branco. Vida, minha vida!
Ali adiante, parece, o campo é menos cinza, quase verde
sublimado de um tempo de vir ou ser, de esquecer-te!
A pálida noite se dissipa na penumbra do nada ter,
na reminiscência dolorosa, fria, ah, e sem prazer.
A terra como espelho de meus olhos explode úmida,
gotas de orvalhos esculpem, à punhaladas túrgidas,
o meu jamais na geada dos atalhos...

Repete-se a cena à sombra, maior, espanta e se repete
o filme, preto e branco, vida, minha vida, marionete.
O vento povoa o nada do antes, repassa o que me esmaga.
Cai o pano, a alma adormece e, parece, esquece!...
N’algum lugar do sempre a cena se apaga...

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