domingo, 2 de junho de 2013

Camaleões


Nem pretendia, baldadas liças
que outras cobiças fazem por mim
queria sempre rasgar o ventre
do algo sem fim
e chegar perto do algo de esperto
e fantasia dos borlantins.
Mas, é verdade, vim p'rá cidade
e boquiaberto vi que não é assim
cai da banda desta ciranda
como personagem de um folhetim.
Passaram-se as horas, foi-se a esperança
rasgaram as flores do meu jardim
e murcho às pressas na vizinhança
desses espinhos brotados em mim
choramingo saudade, não sou à tona
nem tem futuro o pretenso sim
porquanto a vida pediu carona
desabrochando n'outros confins.
Por isso, agora ao ir-me embora
gastas as esporas e os borzeguins,
toda a festa, o bem,o tudo adiante,
vivam por mim...
N'último instante desta viagem
brindo ao tudo do não e do sim
porque fui apenas meras paisagens
veiculadas em ti e em mim...

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