domingo, 2 de junho de 2013

ROSA DE CHICA (poema/continho)


Rosa Laídes Vieiras era seu nome e ninguém sabia,
Rosa de Chica era como a chamavam.
Tinha seus problemas sociais, morais, venais,
mas fora moça prendada, de família, ingenua,
até que conheceu o cravo e com ele o espinho,
a dor, o abandono, a rua, o mundo e ninguém sabia.

Desprezada, humilhada, pisoteada, arrancou do útero
o filho que amaldiçoara; Pariu na cidade grande.
Vendo arrancada do fundo de si mesma
a materialização de sua desgraça e pecado,
instintivamente apertou a criança contra as coxas
e seu urro de dor abafou o único vagido do filho.
Este foi o último fio de realidade que Rosa Laídes
rompeu n'um último gesto de defesa e desespero.
E foi a partir dessa data que nasceu Rosa de Chica
completa para o mundo e ninguém sabia...

Rosa de Chica viveu durante anos à margem,
na obscura rua da fatalidade, desgrenhada,
à margem da Rosa Laídes que um dia fora...
Quem matou o filho de Rosa Laídes
não foi Rosa Laídes, foi Rosa de Chica!
Quem criou Rosa de Chica? Foi Rosa Laídes?
A conjuntura? O destino? O estado puerperal?
O estado puerperal isoladamente não mata filho de ninguém,
nem de uma Rosa de Chica, sem pressões, arrependimentos
ou preconceitos espúrios, impróprios, desafortunados...

A análise do nascimento de Rosa de Chica, inicia por Laídes
moça prendada, de família, ingenua até que conhece o cravo
e com ele o espinho, a dor, o abandono, a rua, o mundo...
Quem ou o que matou Rosa Laíde e seu filho
fazendo nascer a Rosa de Chica que todos ridicularizavam
foi tudo isso, meu jovem, foi tudo isso...

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