domingo, 2 de junho de 2013

DESESPERO


Sim, sim, eu estou morto!
E quando nascer, libertando
minh'alma do corpo deformado
que nem é corpo, é túmulo,
estarei Livre!
Livre para poder andar
junto ao crepúsculo,
embriagar-me com as cores
da alvorada, subir montanhas,
nadar em rios, gargalhar,
galopar ao vento.
Livre para ser um visionário...

Sim, sim, as chagas que me cobrem
 dilaceram meu peito,
mas o arrogante espírito
não sucumbe à podridão da vida.
Vida! que vida?
Se se ficar prêsa a est cadeira
e estender a mão para recolher
míseros trocados
enquanto a face ruboriza
pela certeza de ser um inútil;
se apesar da constante
companhia da multidão
na esquina movimentada
estar-se sempre só e vazio;
se se depender, depender, depender
e sempre depender de tudo
e de todos, não importando
a mágoa de não ser um todo
e sim um resto,
se isso é viver, não quero viver,
não quero viver!

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