segunda-feira, 22 de março de 2010

Velho menino

Velho menino, menino velho
de profundas rugas também n'alma
andas com calma, já não te apressas
foste guerreiro de um tempo antigo
e buscaste abrigo em ilusões.
Traz no teu rosto um riso vago
não é escárnio, nem ironia
é um riso morto, sem fantasia
que tantos dentes já abandonaram.
Veho menino teus desatinos, tua saudade
atrás ficaram; tudo passou, também passaste
no tempo imutável que te adornou
com a branca neve em teu cabelo
e te fez pai e te fez avô
renovando teu espírito enquanto
saldava a dívida em teu corpo.
Já estás cansado, só tens presente,
do teu passado só o bom recordas
e quando acordas no teu futuro
nem acreditas existir mais,
pois bem sabes, velho menino
que o corpo finda e a vida vai...
Inseguro então vacilas, não temes a morte
morreste tanto, temes a vida,
viveste tanto mas vendo-a fugir
por entre teus átomos sentes vontade
de viver mais pois apesar de não ser tão bom
é o que conheces, menino velho.
Não te preocupes, velho menino
terás outras vidas em teus descendentes
e, por igual, terá muitos, muitos dentes
pois meu menino o teu espírito é imortal.

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