sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cata-vento

Resumia-se o outono no cair de folhas
e em tardes mornas, nada além.
Um dia, fez-se um pé de vento
e me colocou na estrada
e desde aí não parei mais.
Como redemoinho procuro meu epicentro
sem me livrar de tantas voltas
e percorro a vida como se esperando,
a cada instante, a calmaria.
Enquanto o sopro da esperança
empurra-me para a frente
o vento da decepção me estanca,
a brisa da moral me reanima.
Sigo em frente, ou ré, mas sigo
e por vezes tomo o rumo de todos os pontos cardeais
rodando pela cruz, sem destino ou abrigo,
sem encontro ou recado. Indo.
Tento multiplicar o pão sem o trigo
e apenas consigo o milagre de estar vivo
o que, apesar dos pesares, gosto muito
porque o inverno sei ao chegar resumir-se-á
em um fechar de olhos e em tardes frias,
nada além...

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