sábado, 20 de fevereiro de 2010

Lenda da geada

Na noite tão linda
Vestida de prata
Caiu o orvalho em forma de pranto
E toda de branco minha pampa adornou
E a noite de prata mais prata ficou.

Piazito eu era vovô desvendava
Os mistérios do mundo p'ro neto guri
De todos os contos o mais lindo que ouvi
Dizia que a geada era um choro gelado
De um qüera que há muito tempo atrás
Foi tropear o Cruzeiro do Sul.

E apesar da beleza do campo celeste
Do fulgor, da magia de sua tropilha
Por vezes retorna em sua retina
A imagem saudosa do pago terrestre

E quando ele chora o rebanho acompanha
De tanta tristeza que a tudo resfria
Parando o minuano na noite que é dia ...

E quando geava, vovô repetia
O qüera de novo da pampa lembrou
e a paz do seu pranto a pampa abraçou...

O minuano murmura no ventre da terra
Enquanto ele chora a saudade incontida
Cantigas de inverno, história que encerra
A alma gaúcha no cíclo da vida.

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