Na noite tão linda
Vestida de prata
Caiu o orvalho em forma de pranto
E toda de branco minha pampa adornou
E a noite de prata mais prata ficou.
Piazito eu era vovô desvendava
Os mistérios do mundo p'ro neto guri
De todos os contos o mais lindo que ouvi
Dizia que a geada era um choro gelado
De um qüera que há muito tempo atrás
Foi tropear o Cruzeiro do Sul.
E apesar da beleza do campo celeste
Do fulgor, da magia de sua tropilha
Por vezes retorna em sua retina
A imagem saudosa do pago terrestre
E quando ele chora o rebanho acompanha
De tanta tristeza que a tudo resfria
Parando o minuano na noite que é dia ...
E quando geava, vovô repetia
O qüera de novo da pampa lembrou
e a paz do seu pranto a pampa abraçou...
O minuano murmura no ventre da terra
Enquanto ele chora a saudade incontida
Cantigas de inverno, história que encerra
A alma gaúcha no cíclo da vida.
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