sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pingos de céu

Chovia.
A chuva açoitava,
com grossos pingos,
a vidraça da janela.
Um pingo
correu celeremente
em toda a extensão
do vidro frio ...
Perdeu-se no anonimato.
Outro pingo
recebeu companhia,
cintilou, reviveu
provou que, ainda,
dois é mais que um.

Tantos pingos,
alguns sós
outros acompanhados,
descendo açodados
a vidraça impessoal
para reunirem-se
na esquadria,
para perderem
a forma,
a individualidade
em holocausto ao todo,
ao infinito.

A humanidade é pingo
na vidraça do mundo.
A vida é a janela
para a eternidade.
Quantos pingos
correm celeremente
e se perdem
no anonimato?
Pingos desiguais
no formato
mas, no fundo
igualados
pela procedência,
todos irmãos da razão.
Pingos sós
e acompanhados
marchando
na lividez do tempo.

E, após percorrida
a vidraça impessoal,
chegar à esquadria
não importará o porte
e sim a substância
sem ânsia, na morte
da matéria
o nascer para a vida
que é o destino,
uma célula apenas,
do Universo divino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário