sábado, 20 de fevereiro de 2010

Do ponto de vista do criminoso ocasional

Sinto o peso do mundo sobre mim,
pesa-me uma vida mais que a morte.
Tudo se conjugou para o resultado
que extingüiu o sonho, extripou a força
e, sem ânimo, prostou a realidade.
Vertiginosamente ruiu a fé, o poder
e me vi impotente diante de um corpo.
Só e fraco, vazio e torpe, vi meu ego
retratado em tantos monstros.

Instrumento, causa ou conseqüência,
não importa, fui cada uma das coisas
ou adjetivos, todas elas, tudo.

Interrompi uma trajetória, uma luz
que não era a minha e, mesmo que fosse,
não tinha tal direito. A partir daí
fez-se tarde, falta, fardo e medo
fez-se ausência de quem nunca tive.
Fui o epílogo inesperado e algoz
inserindo em meu próprio livro
o amargo capítulo de minha culpa
e a certeza triste de não haver desculpa.

Continuarei a caminhada, a dois,
levando minha vítima comigo,
eu também vítima do meu passado.

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