sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ninguém

Sou um nexo sem causa ou efeito
E recebi as surradas teses filosóficas
Da humanidade, de uma só vez
Como recebera, nem embrião,
A herança genética de meus ascendentes.
Enquanto massa, não tenho face
Nem a perspectiva histórica
Que alimenta a ficção e a realidade;
Enquanto indivíduo não tenho massa suficiente
Para deter o que passa em sentido inverso
Ao meu destino. Não detenho nem a mim mesmo, creio.

As paisagens são sempre as mesmas
Para quem não consegue mudar os olhos
Nem a forma de olhar. Devido a isso,
Materializado no nada encontrei meu tudo
E transpus o impossível. O absurdo é que,
Apesar de reconhecer-me no vácuo,
Respiro o oxigênio da vida
E me alimento dele com a febre dos que creem
E vivo dele com o delírio dos viciados.

Todas as minhas mentiras se fundiram
E criaram essa verdade irreversível para mim:
Eu passo! ... Oxalá, não tenha sido tudo inútil!

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