sábado, 20 de fevereiro de 2010

Forças

Arrombaram sua intimidade
e retiraram o hímen de sua fé e força.
Desnaturada manhã em que o sol não veio
e o sonho trombou com a realidade.

Estava ali, tresloucada, deteriorada,
como gente sem adjetivos, fria e chuvosa ...
Conhecera a fome material, imaterial,
a fome de tudo. Era carente de si mesma.

Aquela água passava sob a ponte,
quisera ser ponte mas se confundiu tanto
com águas passadas... as esperadas nunca vieram.

O rio a chamava, a vida lhe fugia
em meio a ficção que revestira sua brisa.
Agora tudo era iminente e sujo e fraco ...

A cabeça, o pensamento, a empurravam:
Passa da ponte à água e tudo será passado,
molha o corpo apaga a idéia. Descansa, enfim!

O mundo passando pela ponte, apressado, problematizado,
se enfrentando, dilapidado, indo.
O corpo inerte, fraco, ali permanecia quieto,
cabeça e pensamento revoando sobre as águas
que, mansas, pareciam dizer "Vem! ... Vem!" ...

De repente, dentro de si o chamado à vida, à luz.
Passado o êxtase do desencanto, atrelou-se ao sol,
lá adiante a vida continuava distante e alegre,
triste e presente. Rindo. Chorando. Vida!

Ponte e estrada aceitou o convite
e se perdeu na multidão.
A fé se revigorara na dor solitária e aguda do desespero!

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